segunda-feira, 4 de julho de 2011

METAMORFOSE


METAMORFOSE

“...Lembro-me de uma manhã em que eu havia descoberto um casulo na casca de uma árvore, no momento em que a borboleta rompia o invólucro e preparava para sair. Esperei bastante tempo, mas estava demorando muito e eu estava com pressa.
     Irritado, curvei e comecei a esquenta-lo com meu hálito. Eu o esquentava, impaciente e o milagre começou a acontecer diante de mim, a um ritmo mais rápido que o natural. O invólucro se abriu,a borboleta saiu se arrastando e nunca hei de esquecer o horror que senti então:suas asas ainda não estavam abertas e com todo o seu corpinho que tremia,ela se esforçava para desdobrá-las.
      Curvado por cima dela, eu a ajudava com meu hálito,em vão. Era necessária uma paciente maturação , o desenrolar das asas devia ser feito lentamente ao sol;agora era tarde demais.Meu sopro obrigava a borboleta a se mostrar toda amarrotada antes do tempo. Ela se agitou desesperada e alguns segundos depois ,morreu na palma da minha mão.
       Aquele pequeno cadáver é, eu acho, o peso maior que tenho na consciência.Pois hoje entendo bem isso:     É UM PECADO MORTAL FORÇAR AS GRANDES LEIS.Temos que não nos apressar,não ficar impaciente,seguir com confiança o ritmo eterno”.

                     NIKOS KAZANTZAKI             .
                

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